Voltando a ler Mafalda

Mafalda é uma das personagens de desenho animado mais amadas e conhecidas do mundo. Mas como ela nasceu? Este episódio reconstrói a sua história e a figura de seu criador, o argentino Quino, revelando os segredos de seu nascimento. Desde os primeiros esboços, fruto de um pedido para uma campanha publicitária que não deu certo, até à sua publicação original, Mafalda tornou-se uma heroína rebelde dos anos 60, que hoje pode ser lida em chave feminista. Com material de arquivo, análises de cartunistas como Maitena, Liniers e Tute e depoimentos de historiadores, editores, amigos e familiares de Quino, este episódio viaja até o nascimento de um personagem que, mais de 50 anos depois, continua mais vivo do que nunca.

Este episódio apresenta os amigos de Mafalda, revela por que Quino decidiu adicionar novos personagens e qual foi a sua fonte de inspiração para criá-los. Os amigos de Mafalda têm personalidades bem definidas: Felipe, um sonhador que sofre na escola e está apaixonado por uma garota com quem não tem coragem de falar; Manolito, que atende no mercado do pai e que sonha em ficar milionário; Susanita, a antagonista de Mafalda, que só pensa em casar e ter filhos; e Miguelito, o menor, egocêntrico e ingênuo. Quem analisa as icônicas tirinhas desses personagens são Liniers, Montt, Rep, Maitena, Tute e Raquel Riba Rossi, ao mesmo tempo em que revelam a influência do cinema em Quino e as novas ideias que o autor trouxe para o mundo dos quadrinhos.

Mafalda e seus amigos fazem parte da classe média argentina dos anos 60. Através de suas tirinhas, é retratado o estilo de vida daqueles anos, mas também são abordados temas universais. Com o seu realismo, Quino faz com que os leitores reconheçam os seus hábitos, gostos, costumes e consumos, desde o globo terrestre de Mafalda e o Citroën 2CV que o pai dirige, ao bairro, à escola ou às férias na praia. Mas Quino também constrói um olhar sobre as diferenças sociais e a realidade da época. Este episódio centra-se nos grandes temas de Mafalda, e também a forma como o golpe de Estado de 1966 aumentou a carga política da tirinha e os significados da rejeição que Mafalda tem pela sopa.

O nascimento de Guille, irmão mais novo de Mafalda, muda a família; e o aparecimento de Liberdade revoluciona a turma de amigos. Com esses personagens, a própria tirinha se atualiza e reflete a radicalização no mundo e, principalmente, na Argentina, onde a repressão e as diferenças políticas são cada vez mais marcantes. Preocupado por essa violência da "borracha de apagar ideologias" e por medo de se repetir, Quino decide acabar com Mafalda. Logo depois, ele foi para o exílio em Milão. Mas esse fim foi apenas o começo: através dos livros de Mafalda, que são reeditados e traduzidos para mais de 26 idiomas, a popularidade de Mafalda não para de crescer e agregar leitores que compartilham seu fanatismo.